Depois de quatro meses do evento, ainda me vejo envolvido com o pós-evento, que diga-se de passagem, para mim é um dos mais desgastante (se não for o mais), ainda mais para um evento tão grandioso e que terminou no vermelho financeiramente. Até hoje estamos pagando as contas pós-EREL. Sem contar no tão chato processo de impressão de certificado... tenho feito isso até hoje, por etapas, pois são muitos. Mas enfim, após 4 meses, resolvo fazer a minha análise do evento, refletir os pontos positivos e negativos do evento para que, quem sabe assim, possa ajudar os organizadores dos próximos eventos. Ressalto ainda que é uma análise pessoal... há quem possa discordar, é claro. O EREL/EMEL foi nascendo com uma proposta de inovar. Claro, era a primeira vez que o EREL vinha ao Mato Grosso, e seria realizado junto ao evento estadual, então não poderia ser como os demais, porque de fato não era como os demais, era um encontro especial, com o objetivo de unir os dois estados (GO e MT) e o Distrito Federal, uma vez que os estudantes Mato-Grossenses tinha uma mínima participação efetiva no encontro regional. Objetivo esse que foi atingido com sucesso, uma vez que tivemos estudantes do DF, de vários campis de instituições goianas, e muitos estudantes do estado do MT. A primeira proposta era a de dar um destaque especial ao lado acadêmico. Se investe muito nos encontros de Letras na parte balada-cultural, e não se vê nomes de destaques no cenário de Letras, pouco se investe nos acadêmicos que apresentam trabalho, etc. Qual o resultado disso: encontros desvalorizados nas IES, uma vez que os reitores, pró-reitores, professores, etc, vêem o encontro estudantil como um momento para festa e nada mais. Presenciei encontros em que os alunos apresentavam trabalhos no ultimo dia do evento, no primeiro horário do dia (será se alguém vai prestigiar o trabalho do colega no dia em que se está mais cansado, e ainda quase de madrugada?), o que desvaloriza esses estudantes. Então optamos que o evento seria organizado por colóquios: cada dia uma área temática, e todos os dias teria apresentação de trabalho dos acadêmicos. Ficou até mais fácil (entre aspas, uma vez que há trabalho que fica mais difícil de encaixar em um colóquio ou outro) para organizar os trabalhos por áreas temáticas (no caso, Educação, Literatura e Linguística). Esses acadêmicos precisam ser incentivados a produzirem na academia, e pensando nessa valorização, mandamos publicar o caderno de resumos com os trabalhos desses acadêmicos que apresentaram os trabalhos. Essas foram algumas das inovações. Pontos positivos: tivemos um evento de um alto nível na qualidade acadêmica, com um perfil de evento de grande prestígio, de congresso de peso. Tivemos a presença de grandes nomes como Irandé Antunes, Fiorin, e André Vianco... não é para qualquer evento. Pontos negativos: isso gera custos, e a cultural acabou tendo que trabalhar com uma verba menor que a de costume nos eventos de letras, sem contar que ficamos no fim de tudo com uma dívida um pouco grande (que estamos terminando de pagar), mas que não vem ao caso. Segunda inovação: os próprios acadêmicos da comissão produziu a alimentação. Vejo nesse fato alguns pontos positivos. A ideia de que o encontro é realmente feito de estudantes para estudantes foi realçada quando os estudantes produziram os alimentos para os encontristas que também são estudantes. Víamos um respeito tão grande dos encontristas para com os estudantes que estavam na labuta todo dia produzindo os alimentos, o que me surpreendeu. O resultado final foi maravilhoso. Não era incomum ouvirmos dizer: Nossa, essa é a melhor comida que já comi nesses encontros. E olha que legal: não era feita em restaurantes, mas sim feita por estudantes. Outro ponto positivo é a economia. Se gastamos muito na acadêmica, precisávamos compensar isso de alguma forma, e ao decidirmos fazer essa loucura de nós mesmos produzirmos as refeições, levamos em consideração que iríamos economizar mais da metade do dinheiro que seria gasto caso contratássemos um restaurante (do mais barato)... a economia é realmente muito grande. Mas claro, um trabalho como esse não é fácil... é para loucos como nós mesmo. O ponto negativo é o desgaste dobrado que depois é triplicado. Desde as compras no supermercado até a preparação das refeições, é tudo um estresse total... eu senti isso na pele, e nunca mais quis ir a um supermercado para fazer compras... é muito, muito desgastante. sem contar que cozinhar para um número tão grande de pessoas te deixa com os nervos à flor da pele. Tive que acalmar os nervos da galera (muito competente, por sinal) lá da cozinha algumas vezes... precisa-se de muita calma para você não explodir e conseguir auxiliar o pessoal que está explodindo do seu lado (não se tem noção de quanto é difícil achar calma nessas horas até que se vivencia uma situação parecida). Os certificados também foram feitos por colóquios, ou seja, se o encontrista participou dos 3 colóquios (literatura, educação, e linguistica), ele recebia um certificado de cada colóquio e mais um geral: no total era 4 certificado com 20 horas cada. Pontos positivos: além de valorizar mais a participação dos estudantes, uma vez que ele só ganha o certificado do dia em que participar, se aproveita mais as horas nas universidades com 4 certificados de 20 horas cada do que com 1 certificado de 80 horas (em muitas universidades se faz a conversão aproveitando somente 20 horas de cada certificado). Ponto negativo: fazer 4 certificado por pessoa dá trabalho demais. No penultimo dia estávamos para nos jogar da ponte do Araguaia. É muito chato. Ainda mais que os nomes dos participantes foram impressos, e não manual, e todos os certificados registrados. Era para termos começado fazer os certificados ainda no primeiro dia, mas a gráfica errou por duas vezes o certificado na hora de imprimir e só conseguiram entregar no terceiro dia de evento. Mas fizemos um certificado bem feito e isso valeu a pena... mas que foi exaustivo, foi. Outra inovação é o seminário da cultura indígena, realizado no colóquio de educação. Foi um seminário com participação de professores indígenas, que trouxeram um levantamento e discussões de todas as áreas da educação indígena no Mato Grosso. A cultura indígena é uma realidade marcante em nossa cidade, uma vez que ao redor de nossa cidade há algumas aldeias. É comum esbarrarmos com um indígena em cada esquina da cidade, e por isso é oportuno trazer para discussão no cenário de Letras como se dá a relação entre as culturas, além das problemáticas educacionais envolvendo a inclusão dos alunos indígenas nas escolas públicas (o que inclui a própria academia), se de fato tem acontecido, além de outros assuntos. Foi um momento muito importante. Esse é um assunto que entrelaça a acadêmica, a cultura e a política, pois quando falamos de povos indígenas, falamos de opressão, de luta, de ideais (então não vejo que tenha faltado a política em nosso evento). Enfim, acredito que foi um evento muito importante... tivemos outras inovações, mas são essas que me vem agora na cabeça. O EREL/EMEL em Barra do Garças foi, sem dúvida, um encontro memorável, que nos trouxe grandes e felizes surpresas e marcou de fato a comissão organizadora, nos rendendo até mesmo a moção de aplausos que está logo acima. Para finalizar gostaria de agradecer a tod@s que estiveram envolvidos e empenhados para a realização do evento. Foi muito difícil realizá-lo, já estávamos há mais de mês de greve (a UFMT foi uma das primeiras a aderir ao movimento grevista), tivemos inúmeros problemas por causa disso (como por exemplo com o transporte que transportava os alunos da universidade ao alojamento, entre outros), mas nunca culpamos a greve por nossas dificuldades... tivemos pouco apoio efetivo da UFMT, e o evento só foi realizado pelo esforço incansável dos estudantes e dos professores da nossa instituição. Agradeço aos encontristas que, ao ver as nossas dificuldades, se mostraram compreensíveis e sensíveis aos nossos esforços (quero dizer que os estudantes de Letras do centro-oeste são os melhores em termos de comportamento, no Brasil inteiro). Enfim, agradecer a Deus por ter nos dado forças para termos um evento com tamanho sucesso, aos professores que não mediram esforços para nos ajudar. Agora deixa-me continuar com o meu castigo de pós-EREL... ainda tenho certificado para fazer, contas para pagar, e um relatório de prestação de contas que nunca consigo terminar... agradeço em nome de toda a comissão organizadora (e agradeço aos meus colegas membros dessa comissão), muito obrigado.
Daniel Leite Almeida
Presidente do Centro Acadêmico.
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